“Partilhar(-se) para um mundo novo” – Mensagem de Natal de D. José Ornelas, 2019
A celebração do Natal vem, uma vez mais, recordar-nos que Deus toma bem a sério a situação e os destinos da humanidade e de cada um de nós. Tão a sério que não se contenta em observar e julgar do alto da sua grandeza, mas se torna próximo e assume a condição humana, na fragilidade de uma criança. Ele vem mesmo partilhar a nossa vida de humanos, nas alegrias, vitórias e sonhos que nos entusiasmam, mas igualmente nas crises, dramas e pesadelos que nos afligem. A repetição anual do Natal, chama a atenção para essa presença próxima e permanente de Deus na vida de cada uma/a de nós, das nossas famílias e comunidades, da Igreja e do Mundo.
Este ano, a nossa Diocese de Setúbal vive o Natal no contexto da atenção que estamos a dedicar aos jovens, que sentem, de um modo especial, os sonhos e pesadelos da humanidade, tanto nas condições de vida que enfrentam cada dia, como nas perspetivas de futuro que veem diante deles. O tema da partilha, que une este percurso até à Jornada Mundial da Juventude de 2022, recebe uma luz especial do Natal.
Às nossas famílias e comunidades, o Menino de Belém vem chamar a atenção para as vidas que estão a começar e pedem acolhimento, proteção, carinho e estímulo para se desenvolverem como pessoas livres, criativas e responsáveis, capazes de dar novo impulso à sociedade e à Igreja. Tantas vezes os pais e a sociedade sentem-se perplexos e apreensivos perante as atitudes dos mais novos. O mesmo sucedeu com Maria e José, perante as dificuldades externas, mas também perante atitudes de Jesus, como a de ficar em Jerusalém e no templo, em vez de voltar com eles para casa. Eles questionam o filho adolescente, mas questionam-se a si próprios. E Maria “guardava tudo isso no seu coração”, buscando o sentido do projeto de Deus que se revelava no Menino (Lc 3,41-52), partilhando com ele a tradição dos homens e dos profetas e aprendendo dele novos modos de responder aos desafios do mundo novo que ele iniciava.
Aos jovens, o Natal pede que se levantem como Maria, que corram para acudir a quem precisa e para levar a boa notícia da presença de Deus que eles mesmos tornam visível. Que saibam interpretar os profetas e sábios do passado e ler, nas estrelas que Deus envia em cada tempo, o mapa de caminhos que levem à gruta onde Jesus se torna presente para a transformação do mundo.
O Natal de hoje pede-nos uma atitude de sábia contemplação, mas igualmente de decisão, compromisso e partilha:
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